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Devaneios despretensiosos!

terça-feira, 26 de junho de 2012

Súbito

Passa.
Não deixa rastro.
Corre como uma raposa, foge dos próprios pensamentos.
Mente como pisca, e se culpa.
Se apaixona, chora, grita, se desespera em silêncio.

Sofre.
E não deixa rastro.

Crenças

Não acredito em deus, nem nos homens.
A verdade é uma dízima: chega mais ou menos próxima da totalidade.
Não acredito em revoluções completas.
As ditaduras sempre serão ditaduras, não importa sob qual desculpa.

Acredito no amor entre pessoas. De vários tipos e combinações.
Amor que não escolhe corpos
Corpos que não escolhem sexo
Sexo que não escolhe amores.

Acredito que a palavra vale.
Vale pouco, vale muito
De acordo com o que a acompanha.

Acredito na fé.
A fé de fato, a fé que afeta.
A fé em si. E em si mesmo.

Não me vanglorio pelos meus atos
Tampouco pelas minhas ideias
Guardadas, florescem
Amadurecem
Se libertam na sua melhor forma
Ainda assim imperfeitas.

A sabedoria é o reconhecimento da parcial ignorância.
O vício é a aceitação
Virtude é mudar de opinião.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Shine Yellow

Janela aberta, bocejo, espreguiço, café.
Cama desfeita, bagunça no armário, chinelo no pé.
E você.

Aquele teu cabelo todo bagunçado no meio da cara sempre cobria teu olho.
A luz das 6 e meia que entrava nele fazia desenhos que só eu conseguia ver.
Garoto, eu podia ficar horas olhando esses teus pedacinhos
Contando as suas espinhas, pedindo pra você deixar a barba crescer.

Ah! E nada me divertia tanto quanto implicar com aquela tua sombrancelha!
'Faz cara de bravo e entorta, olha. Uma mais levantada que a outra.'
E a gente ria sem parar. Você fingindo ficar zangado, e eu fingindo que não te amava inteiro
Quando na verdade eu amava cada parte de você.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Diário de um Matador - Epílogo

A Carta

Durante muito tempo imaginei ser uma criatura fria e sem sentimentos.
Meus olhos claros e por vezes brilhantes na verdade escondiam conflitos que só eu conhecia.
Embora fosse um sujeito afável e aparentemente rodeado de amigos, via dentro de mim defeitos imperdoáveis, e realmente eram. Sentimentos que faziam parte de mim, mas que eu não sabia a dimensão. Às vezes ocultavam-se, e por um tempo se faziam esquecer. Mas muitas outras vezes afloravam, era perturbador pensar e tentar dimensioná-los. Julgava e condenava a mim mesmo toda vez que vinham à tona.

Com o tempo, meu egoísmo e temperamento destrutivo me fizeram afastar aqueles que verdadeiramente me quiseram bem.
Então decidi me afastar também, porque apesar de não saber administrar ou demonstrar esses sentimentos, eu os amava, e também os queria bem.

Guardei, portanto,o pior de mim como quem guarda algo tão sagrado que precisa ficar em segredo. E posso dizer que vivi intensamente minhas angústias e frustrações. Se pudessem enxergar as trevas que circundavam minha mente... de certo me tomariam como um monstro.

No entanto, devo dizer que nunca agi com crueldade deveras. Não direi que o sofrimento alheio não me agradou algumas vezes, mas quando isto se deu, foi coisa sem importância, não por sadismo ou ódio, se deu por uma fraqueza humana.
O resto eram máscaras e fantasias. Coisas que eu criava, não pelo prazer ou satisfação em ludibriar, mas para sobreviver aos meus anseios.

Veja, não pretendo com isso absolver-me de meus erros, mas é importante dizer que também sofri. Talvez mais por sofrer calado, talvez mais por fazer sofrer.

Assim me despeço, sem saber se deste mundo levarei saudades ou boas lembranças, mas esperando que a dor que me corroeu a vida inteira se enterre aqui.
                   

 De um homem cujo mal não foi a falta de amor, mas o fato de amar errado, e que acabou por morrer de si mesmo.